domingo, 18 de setembro de 2011

Para pensar..

Recebi um e-mail com este texto e achei que deveria publicar...

Foi escrito por Gilmar Marcílio, do blog Mar de Ideias, e com certeza conhecemos alguém que tem filhos assim...

Refém dos filhos
Gilmar Marcílio – no Blog Mar de Ideias
Blog Mar de Ideias
20 de agosto de 2011
Basta você entrar por cinco minutos num supermercado, frequentar uma festinha infantil ou passear por uma loja que venda roupas, celulares e afins para a garotada. Se não estiver fisicamente empenhado em refrear os impulsos autoritários de seu filho, perceberá com clareza que são eles que estão mandando no mundo. Não é por nada que a publicidade está se voltando assustadoramente para essa fatia de consumidores. As crianças tornaram-se, potencialmente, o maior mercado para novos produtos lançados. Isso já aos cinco, seis anos de idade. E ai do pai ou da mãe que se atrever a dizer não. Essa palavra foi definitivamente banida do vocabulário. Eles querem porque querem. De preferência tudo o que os seus olhos alcançam numa esfera de trezentos e sessenta graus.
Mas há, nessa nova modalidade de relacionamento pais e filhos, algo muito mais preocupante: o medo. Uma pequena história para ilustrar. Jantava com um casal de amigos quando, em meio à refeição, toca o celular dele, que ouve em silêncio e fica pálido. Uma desgraça aconteceu, pensei, pois a expressão assustada traduzia o recebimento de uma notícia trágica. Mas nada disso. Era somente a filha dizendo que precisava imediatamente do carro, pois alguns colegas já estavam em sua casa, esperando para irem ao cinema. Até onde percebi, em nenhum momento essa voluntariosa criatura perguntou onde os pais se encontravam, será que, por favor, quando estivessem livres, poderiam emprestar o carro para que ela fosse ao shopping? Não, ela simplesmente deu uma ordem que, para meu espanto, foi cumprida imediatamente. Ficamos todos mudos. Não exagero, a reação foi mais do que imediata. Ambos pediram desculpas, mas não podiam deixar a adorada filhinha esperar nem um minuto a mais do que o previsto. Não se importaram em deixar a sobremesa intacta no prato, pois a determinação que receberam imperou sobre qualquer vontade pessoal.
Eu devo estar apresentando os primeiros sinais de senilidade, mesmo. Se fizesse isso quando guri, imaginando que naquela época existisse celular e que meus pais tivessem carro, tenho certeza que levaria uma reprimenda danada. Aliás, nem dariam bola para o meu pedido. Naqueles longínquos dias existia uma palavra que hoje está em completo desuso: autoridade. Eles me alimentavam, pagavam a escola, cuidavam da minha saúde. O mínimo que eu podia fazer, em retribuição, era obedecer, esperando a minha vez de ocupar o papel que por ora era deles. Eis outra palavra mágica: obediência. Cresci seguindo o que eles acreditavam ser melhor para mim e hoje não tenho nenhum trauma por isso. A pedagogia moderna preconiza que se deve dizer muito mais sim do que não. Mas se o resultado é o que se vê por aí, convenhamos, algo de muito errado está acontecendo.
Sozinho na mesa, depois que meus dois assustados amigos saíram em desabalada corrida, fiquei pensando na carinha de vitória da garota. E na certeza de que ela tinha de sempre conseguir o que quisesse na vida, simplesmente manifestando a sua vontade. De onde se pode deduzir que estamos virando reféns dos próprios filhos. As pobres e frágeis criaturas (tenham elas seis ou dezessete anos) não podem sofrer nenhum tipo de frustração, senão longos anos de divã as esperarão mais adiante. Não sou nenhum expert na área, mas a simples observação mostra que estamos perdendo a noção dos limites. Entramos no perigoso campo da destruição dos papéis sociais. Transformar filhos em amigos é correr o maior dos riscos. Mais tarde, bem mais tarde, dá para fazer isso. Mas não agora, antes de se tornaram adultos. Sentir-se prisioneiro de quem ainda está tateando dentro das próprias descobertas é abdicar do mais fundamental dos papéis, o do educador. Aquele que, com sua experiência e presumível capacidade, vai apontar o melhor caminho, ou evitar que eles se machuquem precoce e desnecessariamente.
O que teria acontecido se eles tivessem dito que emprestariam o carro, sem problema, mas que ela esperasse até eles terminarem a refeição? Bem, é melhor nem pensar nisso. Adolescentes, e mesmo crianças, só conhecem uma realidade: a sua. Perdoem generalizar, mas a proliferação desses casos nos alerta para uma situação calamitosa. Não é preciso ressuscitar o uso do chicote. Mas vale lembrar a cada um, sempre, que a monarquia acabou em nosso país. Eles podem querer ser reis entre seus pares, mas nunca com aqueles que lhes garantem o sustento e o desenvolvimento da própria vida. Não deveria existir alguma legislação para isso?


Acho que muitos pais esqueceram que os filhos, para serem adultos felizes e pessoas de bem,  precisam hoje, enquanto crianças e adolescentes, de limites!!
Um ótimo domingo!!!
Bjusss
Veruska

7 comentários:

Marcia disse...

Oi Ve, bom dia !!!
Sensacional esse texto ... infelizmente hoje não existe mais o conceito FAMILIA, os valores mudaram e o que falta são os limites, que felizmente consegui colocar para os meus filhos e para isso não necessitei usar o chicote, apenas deixei claro a eles que existia uma hierarquia na nossa familia assim como também existia fora de casa, na escola, no trabalho, em fim na vida.
Tenho muita pena desses jovens que crescem sem essa noção pois com certeza vão sofrer muito na vida, imagine a hora que ouvir o primeiro não !!!
Até hoje se eu falar um não sou obedecida, pode até ficar com bico, mas ouve minha opinião, porque também tem isso nunca diga um não sem dar uma explicação.
Quando eram crianças eu falava que era muito mais fácil dizer sim porque os deixaria contente e eu não precisava ficar explicando enquanto o não eu sempre tinha que explicar o porque não !!!
Hoje meu filho tem 23 anos, cursa o 4 ano de Medicina e nos respeita como pais e amigos que somos e continua com seus limites, não gasta mais do que tem e para usar o cartão de crédito avisa e pergunta se tudo bem, portanto impor limites as crianças só ajuda a torná-las adultos responsáveis.
Meu filho mais velho não está aqui por força do destino mas tenho certeza que também seria assim, pois se aos 17 anos nos respeitava não mudaria agora com 27.
Otimo domingo pra você !!!
Beijos no coração

Elza Carrara disse...

Veruska, eu sou adepta do 'não" aqui em casa, é a 1° palavra que meu filho aprendeu, rsrsrs
Realmente é preciso impor limites e deixar claro que os pais são responsáveis pelos filhos e eles determinam o rumo das coisas. Uma criança e um adolescente jamais deve tomar a liderança de uma casa ou tomar a decisão pelos adultos.
Eu sempre respeitei meus pais e cresci com regras. Hoje sou uma pessoa adulta que sei respeitar o próximo e sei meus limites. E é o mesmo que quero deixar para os meus filhos: educação!
Sei que não devemos ser radicais, mas a obediencia jamais deve ser extinta, se não, sabe lá onde esse mundo vai parar, rsrs
Pareço velha ou ultrapassada falando assim, mas é que dá uma tristeza ver as coisas que acontecem hoje em dia, como no caso desses pais do post, por exemplo. São verdadeiros reféns!
Bjs

Daniela disse...

Oi Veruska!!
è menina esse mundo anda bem assim mesmo!!
Aqui em casa eu tenho tambem uma adolescente e sei que não é facil, mas eles precisam de limites para eles mesmos.. nesta idade todos os sentimentos são muito aflorados e precisam aprender a controlar cada um deles!
Eu gosto muito de lhe dar com adolescentes, são muito idealistas e aindam estão construindo seus sonhos... acho essa fase fascinante!! Mas eles preicsam de direção!!
Tenha uma otima semana
Daniela

Marly disse...

Oi, Veruska,

Eu também tenho me preocupado muito com este assunto, pois acredito em valores que não mudam, como a disciplina, a paciência, o bom senso, a perseverança, enfim, em todos aqueles valores que têm sustentado o mundo, desde a sua fundação, os quais têm sido esquecidos por muitos pais da atual geração. Vendo isso, eu não posso deixar de temer pelo futuro dos jovens hoje mal criados, pois chegará o dia em que eles necessitarão da formação que os pais não deram, e aí só Deus sabe o que pode acontecer.

Beijoca, boa semana e obrigada pela solidariedade quanto ao assunto do meu penúltimo post!

Rosana Remor disse...

Adorei esta reflexão...sou professora de criança e me deparo com situações inimagináveis...pais que obedecem os filhos...pias que perguntam...posso ir??E por aí vai...um horror!!Nem sei o que dizer...bjs!!

Valeria Allão disse...

Olá Veruska, td bom ?
Vim visitar seu blog e gostei de tudo que vi.
Particularmente, achei essa mensagem (Refém dos Filhos) sensacional, pois há muito tempo venho observando essa absurda inversão de valores (se é que se pode colocar dessa forma).
Tento me policiar para não ser considerada saudosista ou ranheta, mas realmente, não posso entender por que esse medo atual de contrariar, ainda que minimamente os filhos, se tive uma educação baseada na obediência, respeito, hierarquia, valorizando o sentimento de família, o que não me deixou nenhum trauma.
Finalmente devo dizer que através de sua indicação fui visitar o blog do Gilmar Mendes (Mar de Ideias)e lá encontrei matérias/mensagens muito interessantes e já incluí nos meus favoritos.

Bjs
Valeria Allão

Valeria Allão disse...

Ato Falho : Não é Gilmar Mendes (Ministro do STF) como escrevi, mas sim Gilmar Marcílio.
Vale a correção !

Bjs
Valeria Allão